Total de visualizações de página

sábado, 29 de outubro de 2011

TOPOGRAFIA x CARTOGRAFIA



Há, no momento, uma grande confusão com relação aos trabalhos de levantamentos topográficos de áreas rurais, no que tange à apresentação das peças técnicas (Desenhos, Memoriais, Relatórios técnicos, etc.), tendo em vista o atendimento às portarias e normativas do INCRA que, por sua vez, estão apoiadas na nova lei 10.267, de 28 de agosto de 2001, regulamentada pelo decreto 4.449 de 30 de outubro de 2002.
Colocamos aqui mais uma vez a nossa opinião, com o objetivo sempre de contribuir com os nossos usuários, que nos têm enviados manifestações por e-mails e por telefone, solicitando maiores esclarecimentos sobre as aplicações dos dispositivos da Lei 10.267, principalmente no tocante ao ponto que temos criticado, qual seja, a edição de memoriais descritivos a partir das coordenadas georeferenciadas ao Sistema Geodésico Brasileiro.
Transcrevemos aqui, para melhor entendimento da nossa exposição nesta resenha, trecho do Art. 3° da lei 10.267, que dá nova redação aos art´s 169, 176, 225 e 246 da lei 6.015 de 31 de dezembro de 1973.
Em especial destacamos a nova redação dos § 3o § 4o do art 176, bem como do § 3o do art. 225 da lei alterada...
"Art. 176. (Lei 6.015 - § 3o § 4o , com nova redação)................3) a identificação do imóvel, que será feita com indicação:
a - se rural, do código do imóvel, dos dados constantes do CCIR, da denominação e de suas características, confrontações, localização e área;
b - se urbano, de suas características e confrontações, localização, área, logradouro, número e de sua designação cadastral, se houver..................§ 3o Nos casos de desmembramento, parcelamento ou remembramento de imóveis rurais, a identificação prevista na alínea a do item 3 do inciso II do § 1o será obtida a partir de memorial descritivo, assinado por profissional habilitado e com a devida Anotação de Responsabilidade Técnica - ART, contendo as coordenadas dos vértices definidores dos limites dos imóveis rurais, georreferenciadas ao Sistema Geodésico Brasileiro e com precisão posicional a ser fixada pelo INCRA, garantida a isenção de custos financeiros aos proprietários de imóveis rurais cuja somatória da área não exceda a quatro módulos fiscais.
§ 4o A identificação de que trata o § 3o tornar-se-á obrigatória para efetivação de registro, em qualquer situação de transferência de imóvel rural, nos prazos fixados por ato do Poder Executivo."(NR)
"Art. 225. (Lei 6.015 - § 3o , com nova redação)
§ 3o Nos autos judiciais que versem sobre imóveis rurais, a localização, os limites e as confrontações serão obtidos a partir de memorial descritivo assinado por profissional habilitado e com a devida Anotação de Responsabilidade Técnica - ART, contendo as coordenadas dos vértices definidores dos limites dos imóveis rurais, geo-referenciadas ao Sistema Geodésico Brasileiro e com precisão posicional a ser fixada pelo INCRA, garantida a isenção de custos financeiros aos proprietários de imóveis rurais cuja somatória da área não exceda a quatro módulos fiscais."(NR)
GEOREFERENCIAMENTO
A lei 10.267, objeto deste estudo, dá nova redação aos parágrafos citados impondo que os memoriais descritivos sejam as fontes de informações sobre limites, localizações e confrontações, nos autos judiciais que versem sobre imóveis rurais, e que estas informações tornem-se obrigatórias para efetivação de registro, em qualquer situação de transferência de imóveis rurais.
Até ai, nada a contestar. O problema se agrava quando esta mesma lei, no mesmo parágrafo citado acima, impõe a obrigatoriedade, nosso grifo, "contendo as coordenadas dos vértices definidores dos limites dos imóveis rurais, geo-referenciadas aos Sistema Geodésico Brasileiro".
Mas, o que é georeferenciamento?. O que significa editar o memorial descritivo "contendo as coordenadas dos vértices definidores dos limites, georeferenciadas ao Sistema Geodésico Brasileiro"?.
- Georeferenciar significa fazer referência de um ponto, geodesicamente, a um determinado sistema de eixos. No caso ao meridiano central (MC), do fuso ao qual pertença o referido ponto (E) e ao equador (N).
Se estamos falando em georeferenciamento, estamos falando emCartografia e não em Topografia.
- Editar o memorial descritivo contendo as coordenadas dos vértices definidores dos limites, georeferenciadas ao Sistema Geodésico Brasileiro, significa editar um memorial descritivo a partir do plano cartográfico e não do plano topográfico, como seria de se esperar, para qualquer trabalho de cadastramento rural ou de qualquer outra natureza.
TOPOGRAFIA
Fazer um levantamento topográfico, significa estabelecer um plano de projeção local, tangente à vertical do lugar e executar uma série de medições angulares e lineares com o objetivo de representar, no plano de projeção topográfico local, com a melhor proximidade da verdade, todos os detalhes de divisas, acidentes artificiais e naturais, áreas, modelagem do terreno etc., de tal forma que, considerada a tangência do plano topográfico local, as deformações decorrentes do pós-processamento, sejam as mínimas possíveis. Tem sido assim a milênios.
Enfim, cada ponto ou vértice do levantamento, estará referenciado a um sistema de eixos local.
CARTOGRAFIA
Uma representação georeferenciada de uma figura representativa de uma fazenda, (estamos falando de cadastro rural), representada pelos seus pontos georeferenciados ao Sistema Geodésico Brasileiro, significa projetar esta figura, não no plano topográfico local, mas sim no plano cartográfico brasileiro. Daí, a área calculada será a área de projeção cartográfica e não a área de projeção topográfica.
A área de uma mesma figura (uma fazenda por exemplo) quando representada no plano cartográfico, terá um valor diferente dependo da sua posição no fuso ao qual pertença, ao passo que a mesma figura representada no plano topográfico terá sempre o mesmo valor para qualquer lugar do mundo. Voltamos a repetir: Tem sido assim a milênios.
A lei 10.267 de 28 de agosto de 2001, ratificada pelo decreto 4.449 de 30 de outubro de 2002, veio dar nova interpretação a este conceito, obrigando a nós, engenheiros da mensuração, que ao levantarmos uma área de uma fazenda para fins de atualização do CNIR, e efetivação de registro em cartório, elaboremos um memorial descritivo a partir das coordenadas georeferenciadas ao Sistema Geodésico Brasileiro, ou seja, a partir da representação cartográfica, de tal forma que, amparados por lei, passemos ao cartório uma interpretação equivocada, no que tange ao valor da área, azimutes e distâncias.
CARTOGRAFIA x TOPOGRAFIA
A título de exemplo, e para demonstrar a gravidade da situação, criamos uma área fictícia localizada em duas regiões diferentes no estado de São Paulo, dentro do fuso 22, cuja amplitude vai de 54° a 48° e cujo meridiano central é o meridiano de 51°.
Posição 1 - Proximidades dos limites do fuso 22 - 48°
Gleba posicionada nas proximidades da cidade de Morro Agudo - SP, Latitude de 22°10´45",3894 e longitude de 48°05´16",3146, para o ponto de referência (M01), cuja área é superior a 11.000,00 há.
Elaboramos os cálculos das coordenadas dos vértices limítrofes da referida área, tanto no plano cartográfico (como manda a lei 10.267),quanto no plano topográfico, (como manda o bom censo), e editamos as planilhas correspondentes, procurando mostrar as diferenças de elementos técnicos entre as duas situações. Atentemo-nos para a diferença entre áreas.
Posição 2 - Proximidades do centro do fuso 22 - 51°
De outra forma, executamos os mesmos cálculos, agora para a gleba deslocada para uma região próxima da cidade de Pereira Barreto - SP, na mesma latitude de 22°10´45",3894, porém na longitude de 51°05´16",3146 de tal forma que os resultados possam ser comparados nos seus extremos.
Os resultados dos cálculos mostram que a mesma gleba considerada em regiões diferentes, quando representadas pelas suas coordenadas limítrofes georeferenciadas ao Sistema Geodésico Brasileiro (SGB), como manda a lei, planilhas correspondentes, apresenta resultados de área, azimutes e distâncias, diferenciados para cada nova posição. Isto é cartografia.
Mostra ainda que esta mesma gleba, representada no plano topográfico, ou seja, pelas sua coordenadas topográficas locais, não sofrem variações, independente da sua posição, para qualquer lugar do mundo. Observemos que os Azimutes, Distâncias entre vértices e Áreas são exatamente iguais, tanto numa quanto noutra região, embrora as coordenadas da obra sejam totalmente diferentes. Aqui, o que está georeferenciado é o projeto, a obra e não os vértices, individualmente, conforme determina a lei. Isto é topografia.
Os cálculos desenvolvidos para o exemplo em questão demonstram uma diferença de 15,2231  para maior no plano cartográfico para a região de Morro Agudo, e uma diferença de 11,5181 há para menor no plano cartográfico, para a região de Pereira BarretoAqui, repetimos, está a grande questão, os valores de áreas, azimutes e distâncias, no plano topográfico, permanecem inalterados nas duas situações.
As diferenças acima citadas são determinadas quando comparamos os planos entre si (Cartografia x Topografia), porém, se observarmos com mais atenção, a diferença entre as próprias projeções cartográficas (Cartografia x Cartografia), quando consideradas nesta ou naquela região é de 26,7421 ha, isto sem contar as diferenças entre os demais elementos, (Azimutes e distâncias).
Já para a topografia, este problema não existe, a área e demais elementos, são exatamente iguais, apesar da diferença de coordenadas para uma e outra região (Topografia xTopografia).
Inversão de valores.
Em atenção às necessidades do País, no que tange ao CNIR, peças técnicas georeferenciadas devem ser geradas a partir do trabalho topográfico, mas o que se vê é uma inversão de valores. Em função da facilidade do uso do GPS - maquininha que fornece as coordenadas georeferenciadas diretamente no campo -, peças técnicas têm sido geradas a partir deste levantamento cartográfico e, amparadas por lei, são encaminhadas aos orgãos competentes, como se tudo fosse topografia.
Não estamos aqui, condenando o uso do GPS, muito pelo contrário, oGPS veio facilitar a execução destes trabalhos. O que precisamos compreender é que, mesmo usuando o GPS, podemos e devemos fazer topografia, quando assim se fizer necessário.
GPS é equipamento geodésico, determina coordenadas geodésicas. A partir destas coordenadas definidoras da projeção cartográfica pode-se e deve-se calcular as respectivas coordenadas topográficas quando assim se fizer necessário. Em outras palavras; um levantamento feito com um GPS no conceito cartográfico, pode e deve ser convertido para o conceito topográfico.
Conclusões.
As questões são simples e diretas.
  • O exemplo tomado neste estudo apresenta uma diferença, ora para mais, ora para menos, em torno de 15 há, para uma gleba de 11000 há, aproximadamente. E se a gleba fosse de 20000, 50000, 80000 há, ou mais?. O erro é proporcional ao tamanho da área. Quem é que responde por isso?
  • Como é que fica a situação dos Cartórios de Registro de imóveis, que passam a receber memoriais com equivocadas informações descritivas dos limites dos imóveis?
  • Como é que fica a situação dos engenheiros, aqueles que sabem o que estão fazendo, que assinam um documento descritivo do limites dos imóveis que, embora amparado por lei, não traduz a verdade?.
  • O cidadão civil, proprietário do imóvel, vive na superfície real e topográfica da terra e não na superfície cartográfica. Como é que fica a sua situação, quando os limites, orientações geográficas e distâncias do seu imóvel são violados e apresentados em cartório na forma de documentos legais, assinados por engenheiros e amparados por lei?
  • O proprietário que durante anos tem seu imóvel devidamente definido topograficamente, vai ter que fazer uma retificação de área para atender a nova lei de recadastramento rural?
  • Como é que o engenheiro pode explicar ao proprietário que resolver conferir topograficamente o seu imóvel - o que lhe é de direito - que embora errado, é assim que a lei manda?
Nosso apelo.
Aqui, na condição de estudioso e profissional da mensuração, preocupado com os desastres que estamos montando para o futuro do nosso País, queremos apelar aos LegisladoresConfeaCreas,Associações de classes ou a quem de direito, para que esta lei seja corrigida enquanto é tempo.
Os imóveis rurais podem e devem ser georeferenciados, sem contudo perderem a característica topográfica de seus limites. Os memoriais descritivos, nestas condições, podem e devem ser encaminhados aos cartórios de registros de imóveis, como tem sido feito em todos os tempos.
Em atenção aos registros em cartórios, os levantamentos topográficos de áreas rurais, devem ser georeferenciados como manda a técnica, "em pelo menos um ponto" e "orientados pelo norte geográfico" e cujos mapas e memoriais devem ser editados a partir das coordenadas topográficas locais, embora a obra em si esteja georeferenciada.
Para os órgãos fiscalizadores, (INCRACNIR e RECEITA FEDERAL), apenas para eles, uma planta cartográfica georeferenciada na totalidade de seus vértices, acompanhada das devidas peças técnicas (Relatórios técnicos, CD´s contendo os desenhos, etc), seja enviada.
Este é o nosso parecer.

Por Djacir RamosEng. Agrimensor CREA 0600703975
Consultor para assuntos de geodésia, topografia e
Geoprocessamento

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

MAIOR PONTE ESTAIADA DO BRASIL

Ponte Rio Negro tem 3.595 metros e será inagurada hoje Considerada a maior ponte estaiada (são 400 metros de trechos suspensos por cabos) do Brasil em águas fluviais e a segunda maior do mundo
 (Foto: Chico Batata/Agecom/Divulgação)

A ponte construída sobre o Rio Negro, com 3.595 metros de comprimento, que liga Manaus a Iranduba (a 27 quilômetros da capital amazonense) será inaugurada na manhã desta segunda-feira. A Ponte Rio Negro é decisiva no desenvolvimento da Região Metropolitana de Manaus (RMM), criada em 2007, com 8 municípios e 2 milhões de habitantes. Após 4 anos de construção, a cerimônia terá a presença do governador do Amazonas, Omar Aziz, e da presidente Dilma Roussef.

Considerada a maior ponte estaiada (são 400 metros de trechos suspensos por cabos) do Brasil em águas fluviais e a segunda maior do mundo, atrás apenas da ponte sosbre o rio Orinoco, na Venezuela, a Ponte Rio Negro é, ao lado do Teatro Amazonas, o maior e mais importante monumento arquitetônico do Estado.

 (Foto: Chico Batata/Agecom/Divulgação)
A partir das 19h a ponte estará aberta ao tráfego de veículos de todos os portes, sem restrição de horário, 24h por dia. Não será permitido o trânsito de bicicletas. Pedestres terão uma área reservada para passar nas áreas laterais. Táxi-lotação e mototáxi são proibidos, conforme o Código Brasileiro de Trânsito (CTB).

Com velocidade máxima permitida de 60km/h, os veículos serão monitorados permanentemente com dez câmeras e redutores de velocidade. A estrutura, conta ainda com um guincho para eventual necessidade de remoção de veículos. No início da ponte, em Manaus, haverá uma base montada, o Centro de Controle de Operações, onde vários órgãos trabalharão controlando a movimentação.

Custos
Construída para solucionar um problema de logística da região, do total de recursos aplicados, R$586 milhões foram fianaciados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e R$523 milhões do Governo do Amazonas. O custo total foi de R$ 1,099 bilhão

terça-feira, 9 de agosto de 2011

BOM OU RUIM

BRASIL

ponte rio guaíba – texto de augusto nunes

Há uma semana, o governo da China  inaugurou a ponte da baía de Jiaodhou, que  liga o porto de Qingdao à ilha de Huangdao. Construído em quatro anos, o colosso sobre o mar tem 42 quilômetros de extensão e custou o equivalente a R$2,4 bilhões.
Há uma semana, o DNIT escolheu o projeto da nova ponte do Guaíba, em Ponte Alegre, uma das mais vistosas promessas da candidata Dilma Rousseff. Confiado ao Ministério dos Transportes, o colosso sobre o rio deverá ficar pronto em quatro anos. Com 2,9 quilômetros de extensão, vai engolir R$ 1,16 bilhão.
Intrigado, o matemático gaúcho Gilberto Flach resolveu estabelecer algumas comparações entre a ponte do Guaíba e a chinesa. Na edição desta segunda-feira, o jornal Zero Hora publicou o espantoso confronto númerico resumido no quadro abaixo:
Os números informam que, se o Guaíba ficasse na China, a obra seria concluída em 102 dias, ao preço de R$ 170 milhões. Se a baía de Jiadhou ficasse no Brasil, a ponte não teria prazo para terminar e seria calculada em trilhões. Como o Ministério dos Transportes está arrendado ao PR, financiado por propinas, barganhas e permutas ilegais, o País do Carnaval abrigaria o partido mais rico do mundo.
Depois de ter ordenado o afastamento dos oficiais, aí incluído o coronel do DNIT, Dilma Rousseff parece decidida a preservar o general. “O governo manifesta sua confiança no ministro Alfredo Nascimento”, avisou nesta segunda-feira uma nota da Presidência da República. “O ministro é o responsável pela coordenação do processo de apuração das denúncias feitas contra o Ministério dos Transportes”. Tradução: em vez de demitir o chefe mais que suspeito, Dilma encarregou-o de  investigar os chefiados.
Corruptos existem em qualquer lugar. A diferença é que o Brasil institucionalizou a impunidade. Se tentasse fazer em outros países uma ponte como a do Guaíba, Alfredo Nascimento e seus parceiros saberiam que o castigo começa com a demissão e termina na cadeia

FONTE: CLICRBS

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Ponte levadiça de ferro e aço

A ponte de cauda da Holanda
ponte-levadica-1
Os holandeses têm uma tendência a fazer as coisas de forma diferente. Tome as suas barragens, que são barreiras gigantes contra tempestades, especialmente feitas com tecidos sintéticos para manter a erosão da terra. As ciclovias são feitas em pé de igualdade com as estradas automotivas. E o planejamento da cidade, que mescla vida pública e privada, combina casas geminadas com amenidades, como lojas e instalações esportivas, muito longe da forma de subúrbios planejadas pelos americanos.

Depois, há as pontes. Por causa dos muitos rios em todo o país e o tráfego de barcos, tão alto quanto o volume de veículos na estrada, uma ponte na Holanda deve ser capaz de levantar e abaixar rapidamente sobre vias relativamente pequenas.

Uma ponte levadiça média articulada seria grande demais para a maioria dos canais holandeses, e uma longa ponte íngreme,que consome recursos preciosos também não seria viável. Assim, engenheiros holandeses acharam uma solução para esse dilema com a ponte de cauda: o Slauerhoffbrug. Uma ponte de cauda pode rapidamente e eficientemente ser levantada e baixada a partir de um poste (ao invés de dobradiças). Isso permite que a embarcação passe rapidamente, enquanto o tráfego rodoviário é parado.

A ponte, localizada em Leeuwarden, foi desenhada por Van Driel para ser uma ponte totalmente automática, com capacidade de perceber e se adaptar a seu entorno. O Slauerhoffbrug permite melhor fluxo do tráfego marítimo e do tráfego terrestre.

O Slauerhoffbrug cruza o rio Harlinger Vaart. "A ponte móvel foi necessária porque um novo anel viário cruzaria este canal", diz Van Driel. Construída em 2000 a partir de ferro e aço, a ponte é levantada e abaixada 10 vezes por dia por dois cilindros hidráulicos localizados em uma única torre ao lado da ponte. “O rolamento elevador, completado com asfalto e as marcações da estrada, não causa problemas na estrada quando abaixada. O modelo base é uma ponte giratória limitado basculante, em que a seção de aumento é contrabalançada por um peso, como o Pegasusbrug perto de Ouistreham, na França. Essas pontes foram construídas em todo o mundo nos séculos 18, 19 e 20”, diz.

Esta ponte é construída em forma de L, dobra as barras tendo que levar para o convés, com a fundação construída ao lado da ponte. As vigas são ausentes, o que permite uma altura de construção que aumenta a altura de elevação.

E à moda holandesa essa ponte cauda não é apenas uma proeza da engenharia, mas uma obra de arte. Ela é pintada em amarelo e azul, representante da bandeira Leewaurde. A forma assimétrica pode ser vista a quilômetros de distância, quando a plataforma está completamente levantada e travada na posição vertical.

ponte-levadica-3ponte-levadica-4ponte-levadica-9
ponte-levadica-5ponte-levadica-6ponte-levadica-7
ponte-levadica-8ponte-levadica-2

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Ponte estaiada da Baía de Hangzhou: um negócio da China!



Ponte da Baía de Hangzhou: a maior ponte transoceânica do mundoPonte da Baía de Hangzhou: a maior ponte transoceânica do mundo
Caminho para carros e para a economia. Esses foram os objetivos pretendidos quando surgiu o projeto de construção da Ponte Transoceânica de Hangzhou, na China. A estrutura, com 36 km de extensão, considerada a maior ponte marítima do mundo, não só encurtou a distância entre as cidades de Xangai e Ningbo, como impulsionou o crescimento econômico na região. Saiba como na reportagem a seguir.

A concepção do projeto

Para construir a maior ponte sobre mar do mundo, foi preciso muita pesquisa: os estudos tiveram início em 1994, sendo que as obras iniciaram apenas em 2003. Foram mais de 120 estudos técnicos, e cerca de 700 especialistas do mundo todo envolvidos no projeto. O motivo de tanto cuidado estava ligado ao fator geológico: a ponte foi construída em um área de risco, com correntes de maré de até 30 km por hora, ondas com até 8 metros de altura e tufões e terremotos de até sete graus na escala Richter.

Da teoria à prática

Para resistir a tantos impactos naturais, o modelo estaiado foi eleito para dar corpo à ponte. A construção foi basicamente realizada em solo, para então os elementos pré-fabricados, vigas, pilares e fundações da ponte, serem transportados para o local de montagem e instalação.
Para montar as vigas no mar, foram necessários guindastes gigantes e flutuantes com dispositivos de ancoragem e lançamento de pórticos. Além disso, um cavalete de 10 quilômetros foi erguido para cravar as estacas: vigas de quase 1.500 toneladas foram erguidas a partir do topo e lançadas para o mar.
ponte-hangzhou-18-PPara construir com precisão toda a estrutura, um sistema avançado de GPS foi utilizado: o Trimble 5700 RTK. Um total de 50 sistemas foram aplicados ao longo da travessia, e, sistemas adicionais foram instalados em embarcações, a fim de fornecer uma precisão milimétrica para o posicionamento em tempo real de pilhas e seções pré-fabricadas da ponte.
Um dos maiores desafios enfrentados pelo projeto foi a erupção de gás natural na camada superficial ao longo da linha da ponte. Um estudo especial foi realizado para investigar a distribuição do gás e analisar a propriedade do solo, durante e após a liberação do gás.
Nenhuma perfuração pôde ser realizada antes da pressão do gás ser aliviada.Para solucionar o problema, tubos de aço medindo 60 centímetros de diâmetro foram inseridas no solo, liberando lentamente o metano seis meses antes da perfuração e cravação das estacas, justamente para evitar qualquer perturbação do solo, desmoronamento de terra ou erupção e chamas de gás. As severas condições marinhas, marés turbulentas e tufões, causaram também dificuldades na fixação de barcaças e navios de construção.
ponte-hangzhou-5A Ponte da Baía de Hangzhou é composta por um viaduto duplo, com caixa de vigas pré-fabricadas de concreto, e três faixas de rolamento e uma de acostamento por sentido. Cada viga mede 16 metros de largura e 3,5 metros de profundidade. Estacas tubulares de aço com 80 metros de comprimento servem como base ao longo da maioria do alinhamento, embora também tenham sido usados alguns poços perfurados e estacas de concreto moldado no local.
A ponte norte é composta por duas torres em forma de losango, com cabo duplo, caixas de aço e vigas, e tem um vão principal de 448 metros. A ponte sul é formada por uma torre simples, também com cabo duplo, caixas de aço e viga, mas com um vão principal menor, com 318 metros.
Clique nas imagens para ampliá-las
ponte-hangzhou-2-Pponte-hangzhou-6-Pponte-hangzhou-7-P
ponte-hangzhou-14-Pponte-hangzhou-15-Pponte-hangzhou-19-P
ponte-hangzhou-20-Pponte-hangzhou-21-P01-P
02-Pponte-hangzhou-11-P

Negócio da China!

mapa-PA Ponte Transoceânica de Hangzhou não é considerada a maior do mundo à toa. No total, são 36 quilômetros de extensão e 33 metros de largura. O grau de estrada em declive transversal é de 2% e 4% na máxima inclinação longitudinal. Projetada para ter uma durabilidade de 100 anos, a ponte tem uma altura de 90 metros, permitindo que os navios porta-contentores de quarta e quinta geração consigam passar em todas as condições.
Em cumprimento à lei chinesa que proíbe estradas com mais de dez quilômetros em linha reta, a ponte foi projetada em formato de S, e tem uma cor diferente no guard-rail a cada cinco quilômetros. A pintura, segundos os engenheiros responsáveis pela estrutura, tem como objetivo evitar que os motoristas fiquem entediados ao volante, fator que pode diminuir o risco de acidentes.
Outro diferencial é que no meio da ponte há uma área de serviços de 10 mil metros quadrados e um mirante, onde os visitantes podem observar as marés e o balanço da ponte. A infraestrutura da ponte é completa: há nela instalada dispositivos de segurança de tráfego, sistemas de monitoramento, equipamentos de comunicação, praças de pedágio, alimentação, iluminação e manutenção e edifícios de escritórios.
Antes:
ponte-hangzhou-16-Pponte-hangzhou-23-P
Depois:
17-P16-Pponte-hangzhou-12-P

Milagre econômico

A ponte da Baía de Hangzhou liga as cidades de Xangai e Ningbo, abrangendo toda a Baía de Hangzhou, no Mar da China Oriental, cruzando o rio Qiantang no delta do rio Yangtze. Mas mais do que isso ela representou um crescimento econômico para toda a região. Isso porque a ponte reduziu em 120 quilômetros a distância entre as localidades, facilitando o transporte de mercadorias na região, o que tornou o porto Beilun, localizado em Ningbo, mais competitivo, principalmente no que diz respeito ao frete marítimo internacional.
03-P10-Pponte-hangzhou-3-Pponte-hangzhou-9-P
Tanto é fato que a ponte representava um reforço na economia local, que o governo Chinês aceitou investimentos privados para a construção da ponte: 30% dos US$ 1,682 bilhão investidos no projeto provém de capital privado. De acordo com os investidores, a construção da ponte de travessia marítima é uma indicação do crescente poder econômico da China, e com ela espera-se impulsionar o desenvolvimento econômico no delta do rio Yangtze, também chamado de Triângulo de Ouro Industrial.
11-Pponte-hangzhou-10-Pponte-hangzhou-22-P
A expectativa é de que se possa recuperar o capital investido em aproximadamente 15 anos. A ponte foi concluída em junho de 2007 e aberta ao público em maio do ano seguinte.
18-P20-Pponte--hangzhou-1-P

Ficha Técnica:

Responsável: Wang Yong
Empreiteira: China Railway Bridge Bureau Group Co. Ltd.
Consultoria em Engenharia: Hardesty & Hanover LLP
Design: Ty Lin Internacional
Sistema de proteção contra impacto: Ben C Gerwick
Aço utilizado: 800 mil toneladas
Maior vão livre: 488 metros
Extensão: 36 quilômetros
Início da Construção: junho de 2003
Término da Construção: junho de 2007

Fonte:

Dados: Hardesty & Hanover LLP e Hangzhou Bay Bridge (site oficial)
Texto: Portal Metálica
Imagens: Reuters, China Daily, In.co
m